terça-feira, 9 de março de 2010

Meu coração

Frio no peito
geléia-real da ciência
acaricia o externo
a procura da fibra
que vibra 120 vezes por minuto.
Desfibrila 220 joules... um luto.

O Eco na tela figura pretoebranca.
A imagem é de eco e nem um resto
da coisa imaginada surge.
Ruge, e urge, e pulsa disforme.
Contraste, brilho, cinza.

-Onde está?

Não encontro a emoção,
nada de sentimento.
E neste momento...

-Pode se virar, por favor!

Nada na aurícula,
nada no ventrículo.
Sístole e diástole.

-Um sopro!
Mas tudo OK.

-Acabou.

Vou sair desta sala,
e procurar naquela mala
o poema que descrevia um coração.
Vou copiá-lo perfeito
Vou pregá-lo no peito
neste lado, o direito.
O da mediciana foi uma decepção.

(Boaz Novas Poesia Contemporânea)