terça-feira, 2 de junho de 2009

Lugar de origem
Acabei de ler uma crônica do Mario Prata em que ele sugere que devemos fazer uma visita a casa em que nascemos. Diz ele que isso dá uma sensação boa. Então, lembrei-me da casa em que nasci em Piraju e que passei já algumas vezes em frente a ela nesses pouco mais de trinta e nove anos de vida e fiquei tentando lembrar a sensação que tive.
Na primeira vez que minha irmã me contou que aquela casa velha era a casa de minha digamos, primeira infância, estávamos em um carro e não tive muito tempo de ter uma sensação, mas pensei “que casão!”.
Demorou algum tempo e quando passei novamente naquela rua em que ficava a casa, descobri duas coisas, na verdade a rua era uma ladeira (eu estava a pé com meu primo Evaldo) e ao certificar que era a mesma casa, que ela não era tão grande. Lembro-me que a sensação que tive foi de melancolia. Queria ter nascido num lugar mais moderno.
Agora, depois de muito tempo ao voltar a Piraju não encontrei minha casa mais. Mas o lugar de origem, a minha cidade eu descobri, tem tudo a ver com minha pessoa. Nem vou explicar. Quero apenas concordar que a sensação de terem demolido a casa não me fez ficar triste como imaginei. Ao contrário, veio-me aquela nostalgia boa que gosto de sentir de que as coisas mudam porque precisam mudar.
Eu mesmo não sou nem um pouco parecido com aquele menino de oito ou nove anos para quem minha irmã falou “olha lá Marco, a casa onde você nasceu “. Nem sou aquele moleque de quinze anos que teimava em ser tímido e inseguro demais. Que estranhou meu primo e não soube explicar porque se deteve tanto olhando a casa.
E se agora no lugar de minha casa se encontra um sobrado sofisticado com uma garagem em que cabem uns três carros no mínimo, a sensação que tenho é a de que eu também cresci. Não muito, você deve ter pensado. Mas evoluí e meus sonhos nunca caberiam naquela casa feia de pintura desgastada e telhado sujo pelo tempo. Talvez essa seja uma metáfora quase perfeita e eu seja bem diferente do Mario Prata, um grande cronista que admiro muito, e com certeza fico feliz por isso. Ser diferente faz diferença.
Marco Antônio de Almeida
(O prof. Marquinho)

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